POST CONVIDADO: O que programação tem a ver com correr uma maratona?

Estamos vivendo um momento muito especial na área de tecnologia. A cada dia são criadas diversas ferramentas e ideias que irão melhorar nossas vidas, seja na área de saúde, organização, praticidade e diversas outras. E prejulgamos que seus criadores sejam pessoas de talento acima da média e que realizar estas façanhas seja coisa de quem realmente nasceu para aquilo.

Mas isso está certo?

Vamos falar um pouco sobre correr uma maratona

Quando há uma maratona temos diversos tipos de pessoas: corredores profissionais, corredores amadores, brincalhões (aqueles que vão fantasiados só para se divertir), aspirantes a corredor amador e diversos outros. Essas diferenças são marcadas de acordo com as experiências e práticas de cada um, onde obviamente os mais experientes irão correr na frente e mais rápido.

Mas o que isso tem a ver com programação? Tudo.

Você percebeu que dentro dessa galera há diversos tipos de pessoas e experiências? Na área de TI é a mesma coisa, só que com nomes diferentes: Aspirante a programador, programador baby (aprendendo os primeiros passos), programador júnior, pleno ou sênior. Tudo isso é baseado de acordo com suas experiências e práticas. Certo?

A síndrome do impostor

Uma das coisas que acontece muito para quem não é da área é pensar que mexer com computadores ou linhas de código é coisa de outro mundo. Ou até para quem é aspirante a programação, quando começa a ouvir as milhares de tecnologias que deveria conhecer e os problemas cabeludos que surgem ao longo do tempo, ele já desiste antes de começar.

Aprender algo novo não é uma ciência exata. Pegue aquele livro ou aquele tutorial que dará tudo certo. Cada um tem uma forma de aprender as coisas, e grande parte nem sabe como aprender algo. Já reparou nisso?

O grande problema que deve se relevar não são os resultados, até porque eles são frutos do que você for aprendendo ao longo do processo. Isso, processo!

Processos são mais importantes que resultados.

Então, quando observamos pessoas mais experientes que nós, esquecemos os processos que elas passaram antes de alcançarem seus resultados. Nisso, criamos um sentimento estranho onde nos sentimos inferiores, a chamada síndrome do impostor (https://ericstk.wordpress.com/2015/07/29/o-impacto-da-sindrome-do-impostor-nos-profissionais-de-ti/).

A maratona

Tudo parte do princípio que é necessário dar o primeiro passo para chegar em algum lugar. Claro que no início haverá tropeços, capotes e caídas, e claro, dói. E dor é algo que precisamos passar para crescer, é inevitável.

Se lembra de quando era adolescente (ou se você é) e que seu corpo doía pois seus ossos estavam crescendo? Pois é, tudo isso faz parte de um processo de crescimento e amadurecimento.

Participar de uma maratona é a mesma coisa que aprender a programar. Sempre haverá pessoas mais experientes, mais rápidas e etc, sendo que os corredores mais experientes estão focados em sair na frente, enquanto os que estão atrás estão lá para aprender, se divertir e crescer. Mas lembre-se: Todos fazemos parte do mesmo meio e objetivo, não existe melhor ou pior, existe aqueles que persistem mais, até porque se você não errar quer dizer que não está aprendendo algo novo.

Programar

Programar é igual a qualquer outra coisa que você faz na vida, tipo desenho, por exemplo. No começo é uma porcaria, depois vai melhorando pouco a pouco, até conseguir fazer alguns desenhos que sejam realmente legais. E o melhor, para aprender algo é necessário apenas 20 horas.

Não pense que porque você escreveu 1 linha de código seja menos importante do que a outra pessoa que escreveu 100 linhas. Tudo faz parte de agregar, participar, interagir e principalmente, de divertir.

Tudo faz parte de um ciclo, cabe você saber em qual parte dele está e saber aproveitar o processo e aprender com isso. O mito do talento, junto com a síndrome do impostor fazem você abandonar preconceituosamente a área de TI previamente.

E o melhor de tudo, há diversas outras pessoas que estão passando pelo mesmo processo que o seu, tendo as mesmas dificuldades e dúvidas, basta você se conectar com elas e juntos crescerem.

Aqui no Mulheres na computação há diversas iniciativas que estão criando oportunidades para vocês darem seus primeiros passos no mundo da programação. Se de repente não tem disponibilidade para participar de nenhuma delas, vai lá e crie a sua. Foi assim que grupos como Pyladies, Rails Girls, Rodada Hacker e diversos outros foram criados.

Tenho certeza que após um tempo, se você olhar para trás, verá o quanto do trajeto de sua maratona já percorreu e o tamanho do aprendizado e amizades que colheu ao longo do tempo farão total sentido. Até porque para conseguirmos conectar os pontos de nossas ações só iremos conseguir lá na frente.

Por último, gostaria de deixar a dica de uma palestra que me inspirou esse post. O Jacob Kaplan-Mossé um dos criadores do Django, uma ferramenta para desenvolvimento de aplicações web. Nessa palestra ele fala sobre seu sentimento de mediocridade e como isso afeta as pessoas, e principalmente, as mulheres.

—————–AUTOR———————

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Evangelista Python e desenvolvedor web. Membro e atual co-organizador do Grupy-SP e um dos responsáveis pelas mídias sociais da Python Brasil(Facebook, Twitter).

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