
Da esquerda para a direita: Gabi, Débora, Jéssica, Soraya e Dayane. (Gabi, Débora e Dayane fazem parte do PyLadies)
Estive participando da Python Nordeste, que aconteceu em Maio, em Natal, e tive a honra de entrevistar a Jessica Mckellar, que como ela bem se descreve é “uma fundadora de startups, engenheira de software e desenvolvedora de código livre vivendo em São Francisco, California.” Com vocês, um pouco do nosso bate-papo super motivador traduzido pela Débora Azevedo.
Mulheres na Computação: Como você teve o primeiro interesse em computação e tecnologia?
Jessica: Eu não sou uma daquelas pessoas que programam desde cedo. Na verdade eu não paguei aulas de programação até eu chegar à faculdade. Minha primeira graduação foi em Química, eu tinha vários amigos que estavam buscando graduação em Ciência da Computação e eu tava meio que vendo o que eles estavam aprendendo e vi que eles estavam aprendendo esse toolkit, cheio de ferramentas para resolver vários problemas no mundo, e isso era muito animador pra mim. Então eu paguei algumas disciplinas de Ciências da Computação na faculdade para experimentar e gostei tanto que acabei me graduando nisso. Foi assim que comecei.
Mulheres na Computação: Como você conseguiu 1/3 de mulheres na PyCon?
Jessica: O divertido é que não foi nenhum truque de mágica, e está muito relacionado ao discussão do funil que falei na minha palestra [na Python Nordeste].
Tudo se resume ao topo do funil: ter bastante mulheres submetendo palestras. E se você tiver muitas meninas submetendo palestras, várias serão aceitas, e assim você tem um terço de palestrantes mulheres.
Foi mais uma campanha para alcançar individualmente centenas de mulheres, as convidando para submeter palestras e auxiliando-¬as, oferecendo oportunidades de falar sobre tópicos de palestras juntas, revisando as aplicações. Mas a meta era só ter muitas mulheres submetendo palestras, porque elas dão boas palestras, escrevem ótimas aplicações, tão boas quanto as dos homens, é só ter mulheres o suficiente submetendo. Algumas serão aceitas e outras não, mas o topo do funil estava tão forte, tantas mulheres submeteram aplicações, que você acaba com muitas no“fundo do funil”, muitas que são aceitas.
É literalmente mandar e-mail para milhares de mulheres, encorajando elas a submeterem algo, é isso.
Mulheres na Computação: Como é a sua rotina de trabalho?
Agora eu sou mais uma gerente, passo mais o tempo gerenciando outras pessoas. Eu lidero um grupo de engenheiros no Dropbox que é responsável por desenvolver o cliente desktop do Dropbox, que é feito em Python, e também nossos apps mobile e o site, e isso toma todo o meu tempo.
Mulheres na Computação: Você tem alguma mensagem para as meninas que estão começando agora no Ensino Médio ou na Universidade?
Jessica: Ciência da Computação e programação são tão úteis em tantos domínios que é um grande investimento para qualquer pessoa, nunca é tarde demais pra começar a programar e qualquer pessoa pode fazer isso. E mesmo que você se sinta meio sozinha na sua sala, se você é a única menina, tudo bem, porque vale muito a pena esse investimento em aprender uma habilidade que está com uma demanda tão grande e é tão relevante para tantas áreas diferentes.
Outra coisa que eu quero dizer é que quando você aprende programação, muda o modo como você pensa sobre o mundo, porque você percebe que você pode muda-lo. Você pode fazer software que faz o mundo melhor, e isso muda o jeito que você pensa sobre o que é possível. E isso é algo muito empoderador pra se ter na mente e eu quero que todos experimentem disso, por isso é importante pra mim que todos tenham pelo menos a oportunidade que tive.
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