“Mulher só fala de romance, coisinhas bobas, mas o homem não, o homem sabe escrever a verdadeira literatura, sem babaquice. E isso você consegue perceber de longe”. Essa é uma das afirmações que mais escuto quando estou em algum restaurante, loja ou até mesmo em uma fila de banco. Ri-dí-cu-lo. Acredito que quem fala isso deveria ler mais sobre autores, gêneros literários… E parar de caracterizar a literatura por “Ahh, esse sim foi feito por um homem” e “Ihh, já sei que foi mulher quem escreveu.”
E não vejo isso só na literatura, mas também na escrita de códigos, pois é muito comum, e confesso que já cheguei a ouvir de colegas de curso, que sabia que tinha sido eu quem tinha feito um determinado programa em C++ porque ele tinha muitos erros, sendo que na verdade era de um outro amigo, um menino.
Eu não vejo diferença entre a escrita de um homem e de uma mulher, porque para mim tanto um quanto o outro produzem algo que me levam a imaginar pessoas, lugares, objetos e esse algo é fascinante e não pode ser dividido em literatura de homem ou literatura de mulher. O gênero a ser analisado é se é uma crônica, um conto, poema e não estereotipar. Porque, tipo, tanto meninos quanto meninas podem escrever bem e programar bem, é só uma questão de treino. Afinal, ninguém já nasce escrevendo um romance, nem desenvolvendo um BD para um empresa, nem muito menos montando a rede desse lugar.
Todavia, o pior foi o que aconteceu outro dia, visto que passei por uma situação nada legal. Eu estava em uma repartição pública quando um servidor falou que conhecia meus poemas e crônicas pelo Facebook e então disse:
-Soraya, se eu não tivesse lido quem era que tinha escrito eu jurava que não era uma mulher. Porque assim, você não escreve como mulher.
E ele ainda quis embasar esse comentário terrível em uma pesquisa que segundo ele dizia que “homens são mais claros, não precisam ficarem enrolando para dizerem algo” e disse ainda que esses mesmos pesquisadores” fizeram até um algoritmo para os usuários testarem se era homem ou mulher que estava escrevendo.” Eu não sei explicar ao certo minha reação nesse momento, mas me lembro muita bem da resposta:
– Sim, eu escrevo como mulher e eu acho idiotice afirmar tão categoricamente algo desse tipo.
Só porque gosto de escrever sobre tecnologia não quer dizer que sou homem. Eu já nem sei mais quantas vezes tive que passar por cenas desse tipo, mas nunca me cansarei de dizer que sim, escrevo poesias, crônicas, artigos científicos e sou mulher; eu faço um curso técnico em Informática e sou mulher; trabalho no desenvolvimento de Jogos Digitais Educacionais e sou mulher. Eu gosto de juntar Humanas, linguagens e Tecnológicas e não vejo mal algum nisso. É o que me motiva!
Por isso, acredito que uma das coisas que teremos que continuar fazendo para destruir os estereótipos é mostrar quem somos e o que fazemos e assim entenderão que todos podemos atuar em uma mesma área ou em várias, sendo homens ou mulheres, afinal, somos livres para fazermos o que quisermos!
Amei esse texto!
Achei até engraçado, pois eu amo escrever, e troco cartas com muitas pessoas. No grupo de cartas que eu tenho existem várias mulheres e homens, e nunca vi nenhum comentário desse tipo. Muitos homens enfeitam suas cartas, escrevem com letras coloridas, e nem por isso o pessoal fica falando que é ” carta de mulher”. Amei seu texto,parabéns!!!
Abraços,
Gabriela
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