Não sei se vocês leram, mas a revista Veja dessa semana trouxe uma reportagem que levantou essa questão. O foco da reportagem era sobre como o gigante Google afetava nossa memória e a forma como processamos o conhecimento. Achei muito interessante e por isso vou comentar alguns tópicos aqui com vocês.
O primeiro ponto que é levantado pela reportagem é a evidente troca da leitura em profundidade pela informação em massa oferecida pelos sites de busca, notícias rápidas, blogs (Oopsss!) e redes de relacionamento. Sendo assim a memória perdeu sua relevância – pra que puxar pela cabeça se essas informações estam ali disponíveis a um clique!? – EEEee nosso cérebro se tornou um dispositivo obsoleto! Já temos dispositivos bem mais potentes.
Mas como cérebro não é burro (que frase estranha!), uma recente pesquisa da Universidade de Columbia, mostrou que todos os seus 100 bilhões de neurônios estam se adaptando rapidamente a tudo isso. Não nos preocupamos mais em em reter a informação em si, mas sim o local em que se encontra na rede. É como se a Internet tivesse se tornado uma memória externa. Betsy Sparrow, diretora da pesquisa explica: “Desenvolvemos uma relação de simbiose com as ferramentas do nosso computador, da mesma forma que com as pessoas da nossa família.”
Outra explicação bastante interessante trazida pela reportagem é o fato de o cérebro se desenvolve através de estímulos. Então quanto mais desafiadores e complexos eles forem, mais humanamente melhor o cérebro fica. E por definição, essa corrida pela perfeição só termina com a morte. Com todas essas mudanças na obtenção de informação acabaram por facilitar o trabalho dele. Ele acaba se tornando mais preguiçoso, menos ávido pelo aperfeiçoamento.
O maior medo desses pesquisadores é de estarmos transformando os seres humanos em terminais de informação e não agentes capazes de processar informação e produzir conhecimento através do raciocínio e da memória. E um estudo da University College London mostrou que esse “estilo Google” de assimilar conhecimento já se disseminou até mesmo no ambiente acadêmico. Esse estudo mapeou os hábitos dos usuários de dois sites com grande audiência entre os universitários: o British Library e o de uma associação das instituições de ensino inglesas. Eles trazem e-books, artigos e pesquisas. E sabe que o que a pesquisa mostrou?! Que a maioria esmagadora acessava muitos itens do conteúdo, mas apenas duas ou três páginas de cada um deles. O padrão é pular rapidamente de um artigo para outro, de um livro pra outro. Isso constitui, o já conhecido, power browsing (em português, navegação mecânica).
O que sobra disso tudo? Na minha cabeça ainda resta uma pergunta: Tudo isso é bom ou ruim? Afinal, podemos achar que a internet trouxe um sedentarismo que por desventura pode vir a atrofiar nossa mais curiosa máquina ou um conforto sem igual para o acesso a quase todo conhecimento já produzido pelos seres humanos nesse milhare de anos. Como era de se esperar, afinal uma pergunta como essa não tem uma resposta fácil, a pesquisadora na sua publicação final não deu respostas exatas, mas sim abriu um precedente para muitas (põe muitas nisso!) novas pesquisas que devem se seguir. Abriu-se uma linha de pesquisa completamente nova.
Vamos agora para o outro lado…sabe o que os céticos dessas teorias dizem? Que toda essa desconfiança com novas tecnologias já apareceu diversas vezes na hitória. Por exemplo quando a escrita se popularizou e Sócrates achou que a mente se tornaria preguiçosa e a memória seria prejudicada. Ou ainda quando a imprensa de Gutenberg, no sécul XV, foi acusada de promover a preguiça mental por facilitar muito o acesso a informação. No entanto, estudos mostram que tudo isso só potencializou a capacidade cognitiva do ser humano, principalmente pela facilidade de troca de informação entre mais gente. E nisso a gente não pode negar que a internet é a mestra das mestras! Do alto dos meus 19 anos de otimismo concordo com os céticos, mas nem por isso acho que devemos parar de pesquisar sobre todas essas mudanças! Assim não tem erro!
beijos!