Dia dos Professores: Não temos muitos motivos para comemorar.

Nesse dia dos professores fiz um post fofinho nas redes sociais sobre como adoro ser professora e me senti vazia. Quero mesmo refletir o papel desses milhares de professoras e professores para a sociedade brasileira. O meu país, o Brasil, é um lugar onde educação e educadores não são prioridades. Onde vejo professores sendo violentados, literalmente. Onde falar que você é professor é motivo de piada. Se você for professor de educação pública básica então , você merece o pior da nossa nação canarinha.

Eu já andei por muitas escolas, na cidade e no país inteiro, públicas e privadas, com mega laboratórios e dentro de barcos e tenho convicção que não vi nem um centésimo do que deveria ter visto tenho um diagnóstico: Não temos muitos motivos para comemorar. Na verdade temos congelamento por 20 anos dos investimentos em educação. Na verdade temos descaso com pesquisas científicas. Na verdade temos professores mal remunerados. Na verdade temos escolas que não podem falar de gênero, nem de política. Na verdade temos um sistema do século 19 que está ensinando sobre o século 20, sem se preocupar que já estamos no século 21.

Ser professora/professor é ser agente transformador. Ser professora/professor é ser alguém que se preocupa com o aprendizado de outras tantas e tantos. Ser professora/professor é dar um jeito de tirar o melhor de outros seres humanos sem muito recurso ou manual de receita ( porque quem fala que tem começou errado já que cada ser humano/aluna(o) é diferente). Mas ser professor no Brasil é conviver com uma realidade e enfrentar tudo e todos! E como disse Paulo Freire: “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. Se queremos mudança temos que refletir, tentar, testar, errar, medir e criar.

Ainda com Paulo Freire na cabeça, “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Tenho certeza que o dia que esse país reconhecer as/os professora(e)s e parar de pintá-los como vilões por governos, pais e mídias, nós vamos andar pra frente finalmente.

Não podemos mais colocar a culpa na(o)s professora(e)s tendo um sistema educacional inteiro fracassado (e aqui nesse balaio tem ensino privado, público, superior, vocacional, o MEC inteiro). E não é a Camila que está falando isso, é a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico): a(o) professa(o)r brasileira(o) trabalha muito e sua formação ainda deixa a desejar (TALIS2013).

E que bom seria se o único problema fossem os números de horas. A(O) professa(o)r brasileiro também enfrenta o desafio de salas com maior número de alunos e, mesmo assim, tem disponível o mesmo tempo para gastar com o planejamento da aula e correção de trabalhos e provas. Isso, claro se a gente olha a folha de pagamento teórica, porquê na prática seria ainda pior.

Fica a reflexão: mesmo que ela/ele queira, será que a(o) professa(o)r brasileira(o) consegue preparar uma aula/atividade/dê o nome que quiser em que os alunos tenham tantas oportunidades de aprender quanto dos seus colegas em países da OCDE?

Será que adianta a gente pedir mudança e não lutar por política pública? Estou aqui num exercício de mea culpa. Uma reflexão compartilhada meio egoísta, mas genuína: fazer um currículo como dissertação de mestrado que viabiliza qualquer professor a dar oportunidade de turma desenvolver letramento digital e não lutar por mais dignidade e tempo para que ela/ele o possa fazer/praticar adianta?

Precisamos clamar por mudanças estruturais isso sim!Precisamos valorizar professoras e professores como agentes transformadores. Precisamos das professoras e professores desse país!

Preparados? Vamos juntos?

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